Volta às aulas nas escolas públicas, sem nenhuma medida de monitoramento – testagem, rastreamento do vírus, isolamento se necessário – pode significar um aumento de 270% nas infecções por coronavírus na comunidade escolar, em até 80 dias letivos. O dado está na nota técnica Quantificando o impacto da reabertura escolar durante a pandemia de covid-19, publicada nesta semana (4/5) pelo projeto ModCovid19, coordenado por Claudio Struchiner (FGV e UERJ) e Tiago Pereira (USP São Carlos).
O grupo também concluiu que a vacinação de profissionais da educação é fundamental, mas não é suficiente para interromper a cadeia de contágio: “A retomada de aulas presenciais sem que condições seguras sejam garantidas, e sem o treinamento de suas equipes em protocolos de monitoramento, significa assumir grandes riscos para o aumento de infecções e perda de vidas”.
Por outro lado, as simulações indicam que a imunização, somada a outras práticas de cuidado, apresentam um ambiente bastante seguro. É necessário garantir salas de aula com distanciamento e “grupos-bolha” de estudantes, para controlar o contato físico cruzado entre turmas, além de medidas como investigação contínua de casos nas escolas, testagem e suspensão temporária de turmas caso alguém seja diagnosticado com Covid-19.
A discussão sobre a retomada das escolas deve ser ampla e intersetorial. É preciso pensar no presente e no futuro da educação pública, ao mesmo tempo em que se aborda o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, e do sistema de proteção social. É preciso incluir toda a sociedade – os órgãos federais, estados, municípios, sociedade civil e cada território. Todas as periferias ou rincões do Brasil devem ser contemplados. É o que propõe o documento Saúde, Educação e Assistência Social em defesa da Vida e da Democracia, lançado em março pela Frente Pela Vida.
Fonte: Abrasco
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